O mundo do vinho é vasto, são muitos detalhes, termos e, é claro, curiosidades. As rolhas de cortiça foram os primeiros vedantes utilizados nas garrafas de vinho e continuam sendo os mais utilizados até hoje. Conheça algumas curiosidades que você – talvez – não saiba sobre as rolhas de cortiça!
Rolhas em números
Atualmente, apesar das concorrentes sintéticas, de vidro e a screw cap, cerca de 80% de todas as rolhas ainda são feitas de cortiça.
São produzidas cerca de 12 mil milhões de rolhas anualmente, no mundo todo. Com esse número, é possível dar 15 voltas ao redor da Terra.
Com apenas uma tonelada de pranchas de cortiça é possível produzir cerca de 67 mil rolhas.
O país que lidera a produção mundial de cortiça, tanto para rolhas quanto outros produtos, é Portugal, que é responsável por cerca de 55% da manufatura. Sendo que 72% dos sobreiros do país estão no Alentejo.
Ao contrário do que se acredita, a cortiça não está em extinção. Estudos recentes mostram que, apenas em Portugal, existe cortiça explorável para suprir a demanda do mercado durante os próximos 100 anos.
Há, ainda, um programa de reflorestação de larga escala das florestas de sobreiro, conhecidas como montados. O projeto é financiado pela União Europeia e já registra um crescimento anual de 4%.
Sobreiro, o pé de rolha
A cortiça para a produção de rolhas, e outros produtos, vem da casca de uma árvore: o sobreiro.
Uma planta nativa da Bacia do Mediterrâneo Ocidental, os sobreiros são encontrados principalmente em regiões temperadas e subtropicais do Hemisfério Norte. E encontraram em Portugal o solo ideal.
Para se extrair a casca do sobreiro é feito o chamado descortiçamento. Esse processo de extração é um trabalho delicado que, até os dias de hoje, é feito de forma manual com um machado. O descortiçamento é feito por profissionais experientes e extremamente especializados.
Por mais que pareça, o descortiçamento não prejudica o desenvolvimento da espécie, pelo contrário, contribui para a regeneração da árvore.
A regeneração total da cortiça leva cerca de 9 anos e somente após a regeneração completa é que o próximo descortiçamento será feito.
Os sobreiros têm, em média, uma vida produtiva de até 200 anos, que pode render até 17 descortiçamentos. É muita rolha!
Amiga do meio ambiente e da saúde
A rolha de cortiça é 100% natural. Ou seja, é reciclável, reutilizável e renovável, o que causa pouquíssimo impacto ambiental.
Outros tipos de vedantes emitem muito mais CO2, quando comparado à rolha de cortiça.
Os vedantes sintéticos de plásticos podem emitir até 10 vezes mais gás carbônico e as de alumínio emitem 24 vezes mais CO2 do que uma rolha de cortiça.
Além de cuidar do meio ambiente, a rolha de cortiça também oferece impactos positivos na saúde.
De acordo com pesquisas das universidades do Porto e de Bordéus II, de Portugal, a rolha de cortiça contém propriedades antioxidantes e anticancerígenas. Ao entrar em contato com o vinho, a rolha de cortiça passa a formar esses compostos, que podem reduzir o risco de doenças cardíacas e degenerativas.
Além da rolha
As curiosidades das rolhas de cortiça vão muito além do vinho!
A cortiça é um material rico com boa flexibilidade, elasticidade, isolamento térmico e isolamento acústico. Por isso, diversas indústrias, além da vínica, utilizam a cortiça natural para diversas finalidades.
Muito comum em Portugal, a cortiça também é usada para produção de bolsas, carteiras, calçados, acessórios e objetos de decoração.
A cortiça também chegou às telas de cinema! Por seu um material leve, granulados de cortiça são utilizados em cenas de efeitos especiais para simular explosões, detritos e até rochas vulcânicas. Essas técnicas foram utilizadas nos filmes da franquia Missão Impossível, Os Caça Fantasmas e O Inferno de Dante.
Da sala de cinema diretamente para o espaço! Como a cortiça é um excelente isolante térmico, ela é aplicada em componentes críticos de naves espaciais, por exemplo nas partes de propulsão dos foguetes. A cortiça é capaz de suportar cargas térmicas a ponto de proteger a nave da propagação das chamas.
A primeira vez que a cortiça foi incorporada a projetos aeroespaciais foi no final da década de 1960, na missão estadunidense Apolo 11 à Lua. O mais recente uso do material na indústria aeroespacial é no foguete VEGA, da Agência Especial Europeia.